quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Resenha: Proibido - Tabitha Suzuma


Título original: Forbidden
Autora: Tabitha Suzuma
Editora: Valentina
Páginas: 304
Sinopse: Ela é doce, sensível e extremamente sofrida: tem dezesseis anos, mas a maturidade de uma mulher marcada pelas provações e privações da pobreza, o pulso forte e a têmpera de quem cria os irmãos menores como filhos há anos, e só uma pessoa conhece a mágoa e a abnegação que se escondem por trás de seus tristes olhos azuis. Ele é brilhante, generoso e altamente responsável: tem dezessete anos, mas a fibra e o senso de dever de um pai de família, lutando contra tudo e contra todos para mantê-la unida, e só uma pessoa conhece a grandeza e a força de caráter que se escondem por trás daqueles intensos olhos verdes. Eles são irmão e irmã. Mas será que o mundo receberá de braços abertos aqueles que ousaram violar um de seus mais arraigados tabus? E você, receberia? Com extrema sutileza psicológica e sensibilidade poética, cenas de inesquecível beleza visual e diálogos de porte dramatúrgico, Suzuma tece uma tapeçaria visceralmente humana, fazendo pouco a pouco aflorar dos fios simples do quotidiano um assombroso mito eterno em toda a sua riqueza, mistério e profundidade.


Devastador! É com essa palavra que inicio essa Resenha. Sentir é um crime? Esse verbo que pede transitividade pode ser considerado tão errado? Eu realmente acho que não. A escolha entre o verdadeiro amor e a moralidade em prol do bem estar dos irmãos, eles iniciaram uma jornada dramática e tocante. Nos fazer refletir sobre o julgamento precipitado, o apontar do dedo sem ao menos saber a real história vivida por aqueles julgados, um erro comum que a grande maioria de nós já o cometeu em algum momento de nossas vidas. Mas quando o coração se envolve é impossível deter o poder de raciocinar coerentemente; deixamos de pensar com a razão e passamos a pensar com o coração.



Lochan Withely tem dezessete anos, é o mais velho dos cinco irmãos. Lochan seria um menino ideal para ser meu namorado (se não fosse meu irmão, é claro), simplesmente porque Lochan, é muito estudioso, é extremamente inteligente, é o melhor aluno da sala, só tira nota A. Lochan é o único da sua sala de aula que tem nota para entrar em uma Universidade, é bonito, porém Lochan tem um grande problema de não conseguir socializar com os colegas e professores da escola, todas ás vezes que ele tenta socializar tem crises de pânico, exceto é claro, com sua família. Lochan teve que amadurecer muito rápido para que pudesse cuidar de seus irmãos mais novos, com a ajuda de Maya, sua irmã um ano mais nova.


"Meus irmãos podem me deixar doido às vezes, mas são meu sangue.
São tudo que já conheci. Minha família sou eu. É a minha vida. 
Sem eles, eu caminho pelo planeta sozinho." - Lochan

Maya tem dezesseis anos, é uma moça bonita, garota extrovertida, firme e conciliadora. Junto com Lochan ela, ela ajuda desde cedo manter sua família. Família essa que é composta pela adorável Willa de 5 anos. Tiffin que é um menino um pouco mais velho que Willa, de 9 anos, muito encantador, agitado, ambos quando comem doces ficam pulando pela casa, dando cambalhotas, afinal qual criança que não fica alegre ao receber doces?! Kit de 13 anos, é um garoto muito rebelde, vive irritando seus irmãos menores e tirando Lochan do sério, anda com más companhias, achando que pode chegar em casa tarde, enfim, vivendo o que chamamos de "fúria adolescente". E por fim sua Mãe, que foi abandonada pelo pai das crianças, que foi embora para o outro lado do mundo com sua nova esposa, uns anos antes, ela se torna ausente, não dá á mínima atenção aos próprios filhos, uma mulher quarentona, tem momentos em que se encontra num estado deplorávelmente bêbada, se jogando pelos cantos, após mais uma noite com seu novo namorado Dave, e aos poucos vai se distanciando da sua família, de chegar á ponto de não aparecer em casa por vários dias seguidos, e acha que não faz mais que sua a obrigação só visita-los.


"Quando mamãe sai, o que acontece cada vez com mais frequência, é Lochan quem assume o controle, como sempre foi: Lochan, em cujas costas ela joga  todas as obrigações, quando precisa fazer hora extra ou está a fim de passar a noite fora com Dave ou as amigas." - Maya

E pra mim ela se tornou uma mulher negligente pelo fato de ter sido abandonada pelo o pai das crianças e todo o rancor dela, recai sobre Lochan. Ela com sua tremenda falta de responsabilidade, é a grande culpada pelos acontecimentos futuros entre Maya e Lochan, senti ódio dela no decorrer do livro. Diante disso, Lochan e Maya assumem o papel de "Pai e Mãe" da casa, além de ambos estudarem, eles tem que levar e buscar os irmãos na escola, fazer compras, cozinhar, entreter os irmãos menores com brincadeiras quando os mesmos sentem falta da mãe, eles se intercalam para cumprir tais responsabilidades. E enquanto isso as contas da casa começam a se acumular, os uniformes das crianças ficam velhos e se rasgam, e até mesmo os mantimentos básicos de uma casa começam a faltar, e Lochan sempre vive em um embate com sua mãe sempre que vai pedir dinheiro á ela para pagar as contas e comprar os alimentos da casa. E é nesse ambiente hostil que o amor deles nasce e cresce, juntos eles criam um laço de cumplicidade, um amor avassalador. É um amor tão lindo, tão puro que eu comecei a realmente a torcer por eles, torcer por essa família marcada pelo o abandono e descaso.

"Estou me desintegrando. Sinto tanto nojo de mim que tenho vontade de fugir do meu próprio corpo."

Lochan e Maya são os únicos que se entendem pela situação que estão enfrentando. E quando eles se dão conta da imensidão que é o amor deles, eles sentem nojo de si mesmos, até tentam ficar separados, só que percebem que estão dificultando ainda mais a situação, juntos eles são como uma rocha inabalável. É engraçado á forma com que a autora pode construir a rotina deles, em que eles pareciam realmente casal real, com filhos e tarefas domiciliares para administrar. Mantendo sempre o relacionamento escondido, eles são muitos cuidadosos, chega á ser paranoico porque em determinado momento eles sentem que estão sendo vigiados por uma enorme platéia, e também em detrimento do medo, já que se forem pegos e denunciados, a mãe correria o grande risco de perder a guarda das crianças menores para o Serviço Social e Lochan e Maya podem ser presos, já que o incesto no Reino Unido é considerado crime, e se for consensual por ambas ás partes tem pena de prisão perpetua.

"No fim do dia, é tudo sobre o quanto você aguenta, o quanto você pode suportar. Se juntos vamos prejudicar alguém, separados vamos matar nós mesmos."

Com o desfecho incrível que esmigalhou meu coração em milhares de pedaços, eu não conseguia acreditar no que estava lendo, aquele final não sai da minha cabeça, e o que vem depois é a aceitação, a compreensão dos fatos, um ato de coragem e amor, só de pensar meu coração estremece. Fui pega por uma tremenda avalanche de sentimentos. Terminei esse livro confusa, triste, chorando igual criança (Um salve á Danielle Oliveira, que me viu chorar), meu coração se encontra partido e estilhaçado, tudo culpa do turbilhão de sensações que ainda me povoam.. Mantive esperança a todo instante, torci pelo impossível e o desejo de que tudo ficasse bem, sei que são personagens e que não são reais, mas para mim, Lochan, Maya, Kit, Tiffin e Willa estão marcados na minha memória e no meu coração! Um dos melhores livros que já li na vida, e que certamente entrou para minha lista dos Top Five.

"Durante todo esse tempo, durante toda a minha vida, aquele caminho acidentado e pedregoso me conduziu a esse único ponto. Eu o segui cegamente, cambaleando, arranhada e exausta, sem saber onde levava, sem jamais me dar conta de que cada passo eu me aproximava da luz no fim do túnel longo e tenebroso. E agora que a alcancei, agora estou aqui, quero pegá-la o ponto em que minha vida realmente começou. Tudo que eu já quis, aqui e agora, foi capturado nesse único momento. O riso, a alegria, a imensidão do amor entre nós. Esse momento em que nasce a felicidade. Tudo começa agora."

Eu bato palmas e ao mesmo tempo amaldiçoou a autora, o dia em que ela vir para o Brasil não se vou abraçar ela forte e chorar ou se vou chinga-lá até não quer mais (hahaha mentira gente, tô brincando). Tabitha foi ousada em escrever tal livro com tamanha maestria, essa mulher dilacerou meu coração.


Também agradeço á Editora Valentina por ter trago para o Brasil um livro tão polêmico, com sua diagramação impecável, com essa capa perfeita que nos permite entender que a mão de Lochan envolvendo a de Maya remete uma sensação de amor, carinho e delicadeza, com o arame farpado por cima, que certamente remete á ideia do PROIBIDO. Mas antes de ler recomendo que vejam o vídeo que a Editora Valentina publicou com um pequeno depoimento da Autora Tabitha Suzuma.


"Nós não fizemos nada de errado! Como o nosso amor pode ser considerado horrível, quando não estamos fazendo mal a ninguém?... - Não sei - Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?"

Confesso que não sou muito de ler ouvindo música, só que ao iniciar a leitura eu estava com os fones no ouvido e escutando baixinho minha playlist e começou á tocar a música Sem Ar - D' Black, e eu associei essa música como trilha sonora do livro porque achei que a letra tinha tudo haver com a história - principalmente o final.


Essa foi sem dúvidas a resenha mais difícil que já fiz, porque mesmo agora eu ainda continuo achando que nenhuma palavra é suficiente para descrever esse livro, precisei de três xícaras de café para recompor os pensamentos e escrevê-la. Não tenho palavras pra relatar o tamanho da emoção que este livro me trouxe!

"Vejo tantas relações superficiais ao meu redor, tantos caras que só estão interessados em sexo, em mais um troféu para sua coleção de conquistas, antes de passar para a próxima. É dificil de entender por que alguém entra num relacionamento sem qualquer sentimento verdadeiro, substancial, e no entanto ninguém os julga por isso. Eles são "jovens"; estão "só se divertindo" e, é claro, se é o que querem, por que não fariam isso? Mas nesse caso, por que é tão terrível assim que eu fique com a mulher que eu amo? Todo mundo tem o direito de fazer o que quiser, de expressar seu amor como bem entender, sem medo de assédio, ostracismo, perseguição ou mesmo a lei. Até relacionamentos emocionalmentes violentos e adúlteros costumam ser tolerados, apesar do mal que causam aos outros. Na nossa sociedade progressiva e permissiva, todos esses tipos de "amor" daninhos e doentios são permitidos - mas não o nosso. Não consigo pensar em nenhum outro tipo de amor que seja tão unanimente rejeitado, embora o nosso seja profundo, apaixonado, generoso e forte a tal ponto que uma separação forçada nos causaria uma dor intolerável. Estamos sendo punidos pelo mundo por um única e simples razão: o fato de termos sido gerados pela mesma mulher."



9 comentários:

  1. Desde que vi esse livro aqui no seu blog fiquei muito curiosa pela história, principalmente por retratar um tema tão.. Incomum, digamos assim, que não é muito comentado nem visto nos livros com frequência. Sua resenha me deixou ainda mais curiosa, parabéns por ela, você escreve bem. Beijos!

    frases-perdidas.blogspot.com.br

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  2. Estou mega curiosa para ler esse livro e depois desse post então..Quero ler urgentemente... Amei Bia.

    http://colecoes-literarias.blogspot.com.br/

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  3. Confesso que fiquei meio que confusa ler sobre esse livro mas tmb fiquei curiosa...
    quemsabeparis.blogspot.com.br

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  4. Nossa estou super ansiosa...ainda mais agira que estou com meu livro físico em maos...esse fiz questão de esperar...assim que terminar o que estou lendo q e o terceiro da trilogia O Teste A formatura...começarei Proibido...Bia a resenha esta perfeita parabéns

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  5. Eu amei a resenha super curiosa para ler
    Beijos
    http://euemeuviciochamadoleitura.blogspot.com.br

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  6. Oi
    Só vi pessoas falarem bem desse livro inclusive sua resenha, estou louca para ler porque parece ser uma leitura incrível.

    momentocrivelli.blogspot.com.br

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  7. Oi Bia,
    todo mundo é só elogios para esse livro, apesar dos comentários de que ele realmente faz o leitor chorar. Ainda não o li, mas pretendo.
    Indiquei seu blog para responder uma TAG, espero que curta:
    http://seiqueeusei.blogspot.com.br/2014/12/meus-livros-ninguem-sai-tag.html
    Bjos!

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  8. Oi Bia!

    Adorei a sua resenha, também li Proibido e adorei... Como falei na minha resenha no blog, achei a temática um tanto forte, mas é só esquecer e deixar a leitura rolar...

    Parabéns pelo blog e pela resenha =D

    www.clubeletters.blogspot.com.br

    Allan

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  9. Com certeza, a melhor resenha que li até agora. Parabéns, Bia!!! Antes mesmo de ler o livro já estou odiando a mãe deles. Na verdade, ela me lembra um pouco a mãe da Katniss em Jogos Vorazes mas parece ser muito mais imprudente. Só pela sua descrição dá para gente perceber a intimidade deles, como se fossem realmente um casal... Sem falar nas responsabilidades. Também achei muita coragem por parte da autora escrever uma história desse gênero, tocando em um dos maiores Tabus que a sociedade impõe. Muito ousada a Tabitha. Na verdade, nunca tinha visto um livro com essa temática. Capa linda, e muito referente ao tema do livro, texto aparentemente impecável... Nossa, preciso começar a ler esse livro! Ansiosa.

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